Remédio Cubano tem 84% de êxito na cura do vitiligo, mas os médicos brasileiros desdenham porque mantém vínculos com indústrias farmacêuticas.
Remédio cubano é ignorado
no Brasil: preconceito e interesses de multinacionais farmacêuticas incentivam
o desconhecimento dos médicos brasileiros.
O vitiligo – doença
caracterizada pela despigmentação da pele – atinge cerca de 1% da população
mundial, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). As causas dele são
associadas a diversos fatores, como estresse, herança genética e autoimunidade,
por isso, há uma variedade de tratamentos. Entre eles está o método cubano, que
tem apresentado resultados significativos com grande chance de cura. Pesquisas
do governo cubano revelaram que, em um grupo de 732 pacientes, 84% ficaram
curados. Apesar disso, o tratamento encontra dificuldades para ser reconhecido
no Brasil. No dia 1° de agosto, é comemorado o Dia Nacional dos Portadores do
Vitiligo.
A publicitária Glícia
Pontes, 32 anos, professora da Universidade Federal do Ceará, foi uma das
brasileiras que obteve sucesso com o método cubano. Ao contrário da maioria dos
portadores, – que desenvolvem a doença depois dos vinte anos – ela percebeu o
surgimento de pequenas manchas brancas na pele aos nove anos. No Brasil,
estima-se que 1,5% da população, ou seja, 2,9 milhões de pessoas tenham a
doença.
A partir do diagnóstico –
um pouco demorado – Glícia iniciou o tratamento com Melagenina Plus,
medicamento para vitiligo desenvolvido em Cuba a partir da placenta humana. As
primeiras aplicações na superfície da pele com as manchas eram feitas no
próprio consultório do dermatologista. Depois, com a prescrição médica, o
remédio começou a ser importado pela família e aplicado na própria residência.
“As manchas foram
regredindo. Eu tinha manchas no rosto e não tenho mais. Eu tenho algumas
manchas localizadas, como no pé e no joelho, mas são muito pequenas. Faz mais
de vinte anos que elas pararam de crescer”, conta.
O tratamento protagonizado
por Cuba teve início na década de 1970, segundo informações do Centro de
Histoterapia Placentária, em Havana. O Melagenina Plus é um extrato
hidroalcóolico de placenta humana, que estimula a capacidade de produção de
melanina. O primeiro estudo com o medicamento, feito com 732 pacientes, mostrou
que 84% deles voltaram a ter pigmentação total nas áreas atingidas pela doença.
Segundo o governo cubano,
muitos estrangeiros viajam até a ilha para fazer o tratamento. No Brasil, o
registro do medicamento foi cancelado em 2009, tornando sua comercialização e
importação no país proibida. No entanto, sem explicar os motivos do
cancelamento, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), informou que
“ele pode ser importado, mediante prescrição médica, em caráter excepcional”.
Preconceito
Para o médico da família,
Augusto Cezar, a própria comunidade de dermatologistas tem dificuldades de
lidar com o medicamento. Segundo ele, além do preconceito com a medicina
cubana, há interesses econômicos de uma parte dos profissionais que mantém
vínculos com indústrias farmacêuticas, principalmente, internacionais. “Quando
surge um medicamento novo de um país, que pela concepção tem uma ideologia
diferente disso, obviamente que a maioria vai questionar”, critica.
Segundo Glícia, a
experiência com a melagenina na infância sempre é relatada aos médicos com os
quais se consulta. Com base na reação dos profissionais, ela acredita que não
há repercussão deste tipo de tratamento no país. Os médicos, quando não
desdenham, “têm desconhecimento do tratamento”.
Melagenina
Cezar destacou que
tratamentos convencionais do vitiligo, como fototerapia e laserterapia não têm
apresentado resultados satisfatórios na maioria dos portadores de vitiligo.
Nesse sentido, a Melagenina é considerada uma alternativa por não apresentar
efeitos colaterais e permitir a sua utilização em crianças e adultos, incluindo
idosos, mulheres grávidas ou durante o período menstrual.
“A eficácia da melaginina
tem sido demonstrada em diversos congressos internacionais pela sociedade de
dermatologia cubana. Este tratamento tem dado resultados muito bons para
resolver o problema que é o vitiligo na população mundial”, explica Cezar.
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