Projeto Farmácia Viva, no interior de Minas Gerais, é um exemplo a ser seguido...anexo uma cartilha sobre farmácia viva.

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A região de Macacos é privilegiada pela diversidade ambiental e pela fartura de recursos hídricos, frutos do encontro entre o Cerrado e a Mata Atlântica. O Projeto Farmácia Viva nasceu da valorização dos recursos naturais locais e ao mesmo tempo da necessidade de preservar os conhecimentos culturais da localidade sobre as plantas medicinais.

Desde 2004, o Instituto Kairós desenvolve práticas de manipulação de fitoterápicos e articula uma rede comunitária de cultivo e de educação informal sobre saúde, cultura e biodiversidade. Tudo isso unindo as técnicas tradicionais e as matérias-primas encontradas na própria região, com um rigoroso controle de qualidade. Como resultado, será implantado o serviço de fitoterapia no SUS (Sistema Único de Saúde), com a construção do laboratório fitoterápico em Macacos, que produzirá medicamentos gratuitos para todos os postos de saúde do município. O projeto arquitetônico do laboratório, que foi realizado pela TM Engenharia já conta com autorização da VISA (Vigilância Sanitária) do Estado de Minas Gerais e a construção terá início ainda em 2012.

O projeto Farmácia Viva, vencedor do Prêmio FINEP, existe desde 2004, e há três anos atua em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Nova Lima e com a UFMG em ações de pesquisa e desenvolvimento. Como beneficiário dessa parceria, o município de Nova Lima torna-se um dos primeiros de Minas Gerais a implantar a fitoterapia no SUS por meio de um arranjo produtivo educativo solidário promovendo o acesso gratuito de fitoterápicos à população, e a valorização dos conhecimentos tradicionais da região.

Para o alcance desses resultados, desde 2010, o projeto promove a capacitação dos profissionais de saúde do município. Já participaram das atividades de capacitação 96 agentes comunitários de saúde, 29 profissionais de nível técnico e 44 profissionais de nível superior, entre médicos, enfermeiros, nutricionistas, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e odontólogos. As atividades envolvem teoria e prática de identificação e manipulação de plantas medicinais, nas quais os profissionais podem se familiarizar com o universo da medicina natural e conhecer as principais propriedades terapêuticas das plantas que serão beneficiadas e distribuídas pelo SUS.

“Esse projeto é de grande importância para a população de Nova Lima. A preparação dos profissionais de saúde do município é fundamental para o sucesso da iniciativa, pois são eles que irão prescrever os fitoterápicos e orientar os pacientes sobre o seu uso seguro”, comenta Rafaela Fabiane, nutricionista do Núcleo de Apoio à Saúde da Família.
Paralelamente aos módulos de formação no SUS, o Projeto produziu e realizou de modo experimental a distribuição gratuita de medicamentos fitoterápicos para duas UBSs do município. A partir de seis espécies de plantas medicinais, foram produzidos sachês, xaropes, tinturas, pomadas e outros produtos farmacêuticos, seguindo as normas de controle de qualidade exigidas pela vigilância sanitária.

Hortas de plantas medicinais também foram implantadas nessas Unidades Básicas de Saúde, com a contribuição de 10 educadores sociais do projeto e das crianças da Escola Municipal Rubem Costa Lima, que participaram de atividades de plantio, reconhecimento e identificação das plantas a partir dos ensinamentos dos conhecedores locais.

Desde 2004 o projeto vem fortalecendo a rede local de conhecimentos tradicionais e promovendo diversas atividades de integração entre a comunidade e os mestres da tradição oral da região (griôs, benzedeiras e raizeiras). No ano passado, além da caminhada para reconhecimento de espécies medicinais nativas, foram realizadas visitas periódicas a 11 quintais de mestres e conhecedores tradicionais da região, onde várias espécies de plantas medicinais foram reconhecidas. Durante as visitas, os raizeiros e raizeiras apresentaram seus quintais e compartilharam suas experiências com as ervas, que irão compor um banco de registros das práticas tradicionais adotadas na região.

Este ano, o projeto deu continuidade às suas atividades e, no mês de março, recebeu o Curso de Beneficiamento de Plantas Medicinais, promovido em parceria com o SENAR, a EMATER e a Prefeitura de Nova Lima. O curso teve como objetivo capacitar a comunidade local e a equipe do projeto para a coleta de plantas medicinais, secagem e aproveitamento de suas propriedades terapêuticas. As atividades envolveram caminhada para reconhecimento, coleta sustentável de espécies nativas, noções de triagem, secagem, armazenamento, produção de tinturas, xaropes e pomadas, além de sais e vinagres temperados – produtos que podem vir a gerar renda na comunidade. Participaram do curso pessoas envolvidas com o Projeto Farmácia Viva, representantes e lideranças comunitárias de Macacos e outros bairros de Nova Lima.



“Fico feliz em saber que o que a gente sabe aqui ajuda pessoas de outros lugares. Mas a gente não aprendeu isso sozinho. Eu conheço uma folha, outro conhece outra folha, aí a gente junta e troca o que sabe. O que sei ensino e o que eu aprendo coloco em prática” diz Dona Lucília, mestre griô, raizeira e benzedeira de Macacos.

Em 2007, o Projeto foi certificado como tecnologia social pela Fundação Banco do Brasil; em 2008 recebeu o Prêmio Cultura e Saúde, pelo Ministério da Saúde em parceria com o Ministério da Cultura. Neste mesmo ano recebeu também o prêmio FINEP de Inovação em Tecnologia Social, que financia a qualificação do Projeto e a expansão das ações a toda a região de Nova Lima.

Além das hortas implantadas nas Unidades Básicas de Saúde, o Projeto Farmácia Viva conta com outras unidades de cultivo. Na Estação de Viveiro de Mudas, foram produzidas, em 2011, cerca de 6.000 mudas de plantas medicinais e outras espécies importantes para a biodiversidade local, destinadas às hortas medicinais, de onde sai toda a matéria-prima para a produção dos remédios fitoterápicos.

Neste mesmo ano, mais de 1.000 mudas foram doadas em eventos relacionados ao meio ambiente, à medicina tradicional e à comunidade, beneficiando 25 grupos comunitários e instituições.

No ano passado, foi implantada uma grande horta central na área cedida em comodato pela VALE ao projeto, preenchida por plantas medicinais variadas e outras espécies da biodiversidade local. Essas hortas são responsáveis por suprir a Estação de Secagem de Plantas, de onde saem preparadas para a produção dos fitoterápicos.

Para 2012, com o apoio do Fundo CAIXA Socioambiental, o projeto irá implantar dois grandes viveiros na área cedida pela VALE, que serão de vital importância para o trabalho de geração de renda na comunidade e para o abastecimento dos quintais produtivos que participarão da rede solidária colaborativa local. 

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