05 Perguntas e Respostas sobre Meliponicultura. As abelhas brasileiras que fazem uma polinização sustentável


 

1) Em sua opinião, quais as vantagens do uso de abelhas para polinização de culturas agrícolas?
  A polinização é um serviço indispensável na produção de 35% dos alimentos humanos. E se considerarmos também as plantas polinizadas pelo vento ou autoférteis (como a soja), mas cuja produtividade aumenta se visitadas por polinizadores, pode-se dizer que 75% dos alimentos dependem do trabalho das abelhas, de alguma forma. Em valor, estima-se que os serviços de polinização correspondam a 10% da produção agrícola mundial! 
2) Quais cuidados devem ser observados por profissionais que trabalham nesta área a fim de aliar a polinização por abelhas nas culturas agrícolas com sustentabilidade, sem agredir o ecossistema e garantir proteção ambiental? 
Os profissionais devem considerar que o cultivo de meliponeas, surge como uma alternativa de renda extra para a agricultura familiar, e contribui para a preservação e disseminação deste tipo de abelha nas áreas de nascentes e cursos de rios, que por consequência irá melhorar a polinização das plantas, sem causar qualquer impacto negativo ao Meio Ambiente.
3) Há diferenças no uso de abelhas com ferrão e sem ferrão nos processos de polinização?
R-Quando se fala em abelhas, o que vem à mente são as europeias ou as africanizadas, ambas da espécie Apis mellifera. Elas são as polinizadoras profissionais, com nível máximo de eficiência para a maioria das culturas comerciais tradicionais, graças ao seu tamanho adequado e à sua estrutura corporal especializada. Entretanto, não podemos esquecer que as abelhas APIS, são exóticas, e concorrem com as nativas causando desequilíbrios entre as espécies polinizadoras, justamente por sua alta capacidade produtiva e agressividade, com outras espécies de abelhas e mesmo para o manejo do apiário. Porém, aqui no Brasil, esse “mercado” está prestes a mudar: graças a novas técnicas de multiplicação de colmeias e à valorização das abelhas nativas sem ferrão, novos serviços de polinização começam a ser oferecidos ao agricultor.
4) Quais são os principais tipos de abelhas utilizadas?
A Uruçu (melipona scutellaris) possui muitas subespécies em muitos lugares do Brasil, mas a mais famosa e manejada em todo o país é a scutellaris, popularmente conhecida com Uruçu verdadeira. São bastante populares, chegam a ter colónias fortes com cerca de 3.000 abelhas, em termos proporcionais produzem mais que a Apis. Não são agressivas, mas devido ao tamanho (tem o mesmo tamanho que a Apis) possuem quelíceras fortes e as picadas doem, em colónias fortes eu uso um capuz de apicultura.
A Jandaíra (melipona subnitida) é uma das espécies mais criadas no Nordeste brasileiro, juntamente com a Uruçu (melipona scutellaris).
Outra abelha muito criada nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, são as Mandaçaias (melipona quadrifaciata, esta é abelha é muito interessante pois ela possui quatro subespécies: a melipona quadrifaciata quadriafasciata (mandaçaia verdadeira), a Melipona quadrifaciata anthidioides, a Melipona mandaçaia (esta é menor e típica da caatinga do Estado da Bahia), a quarta é um cruzamento entre as duas primeiras.
mandaguari (Scaptotrigona )
 "ESPÉCIES DE ABELHAS NATIVAS SEM FERRÃO BRASILEIRAS"
 
                                          
 Nome popular
 Nome científico
 S/N
 ni1
 Irai
 ninf


Existem muitas outras meliponas, na verdade milhares de espécies. 

5) Quais culturas agrícolas hoje têm recorrido aos processos de polinização por abelhas?

Comercialmente,Laranjais, cafezais, hortas e pomares ,também a polinização sem ferrão tem se destinado a produtores de morangos da região Sudeste, dada a facilidade de acesso. As vantagens são enormes: nas plantações de morangos polinizados o índice de deformidades é reduzido em 90% e o ganho de peso dos frutos fica entre 20% e 40%. A espécie utilizada é a mandaguari (Scaptotrigona depilis), que também ajuda a incrementar a produção de hortaliças, melancia, melão e café, de acordo com estudos da Embrapa Meio Ambiente, de Jaguariúna (SP).
Outra espécie em fase de multiplicação na Promip é a mandaçaia (Melipona quadrifasciata), uma abelhinha “vibrante”, com um comportamento muito peculiar. “Ela é indicada especialmente para a polinização de tomateberingela e outras solanáceas, cujas flores precisam ser ligeiramente sacudidas para liberar o pólen”, conta Cristiano. “Ao visitar a flor, a mandaçaia emite uma vibração e coleta o pólen, coisa que a abelha africanizada não tem força para fazer”. Os tomates polinizados pela mandaçaia ficam maiores, mais firmes e até o sabor muda. A diferença no preço obtido na comercialização pode chegar a 40%.
Quarenta por cento também é o aumento de rendimento das palmeiras de açaípolinizadas pela tucanaíra (Scaptrigona sp.), uma espécie ainda sem nome científico, mas já em fase de multiplicação de colmeias no interior do Pará. “Essa abelhinha tem o tamanho adequado para as flores do açaí e visita tanto as flores masculinas como as femininas no momento certo”, afirma o engenheiro agrônomo e doutor em Ecologia,Giorgio Venturieri, também pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.

Fontes:





João Bosco Ramalho
Engº Agrônomo 
Analista Técnico

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