O que é Soberania Alimentar, vamos conversar?

Vamos conhecer um pouco sobre SOBERANIA ALIMENTAR ?

Segundo, (Machado, LCP 2014 p 85) a soberania Alimentar é a capacidade que um país tem de alimentar a sua população com produtos provenientes de sua agricultura-animal e vegetal-importando apenas um ou outro alimento que,mais por razões culturais que agrícolas, não são produzidos. Mas a dieta básica-calórica/proteica-é suprida com alimentos cultivados livremente dentro de suas fronteiras. A soberania alimentar é precondição para a soberania política.
Nesse sentido, a condição do Brasil é delicada e vulnerável.
Com a Lei de Patentes e o controle das sementes pela multinacionais o quadro já se configura problemático. Mas se acrescentarmos que 60% dos fertilizantes são importados e, praticamente, 100% dos Agrotóxicos são ou importados ou produzidos no país pelas multinacionais conclui-se que o país tem sua soberania alimentar ameaçada.Por conseguinte sua soberania política é, igualmente, frágil.
A par da gravidade do fato, o que mais chama a atenção é que o governo favorece, com uma legislação espúria, os interesses das multinacionais que ameaçam nossa soberania: é a Lei Kandir, que isenta as operações das multinacionais de impostos;é a CTNBIO, que facilita o registro e uso de venenos até mesmo dos proibidos em outros países;são os créditos subsidiados concedidos pelo BNDES a empresas estrangeiras e o novo Código Florestal que agride o ambiente e facilita negociatas;é a política de favorecimento do agronegócio, atividade hoje básica para a economia do Brasil e absolutamente controlada pelas empresas multinacionais;são as facilidades oficiais à compra de terras por estrangeiros. Na Amazônia e na região canavieira, o rol de empresas multinacionais que compraram e estão comprando terras totalizam vários milhões de hectares.
Talvez a questão mais grave em relação ao controle das multinacionais sobre a produção e o comércio das sementes seja a perda da soberania alimentar e, por consequência, da soberania política. Qualquer medida oficial que vá de encontro aos interesses dessas organizações pode gerar represálias,"faltando sementes", e comprometer seriamente a safra e, em sequencia, as exportações e a economia como um todo.
Discordamos da política de exportação privilegiada de matérias-primas. Enquanto cidadãos, nós não podemos deixar de fazer esse comentário, especialmente conhecendo os precedentes relatados por Robin,Bravo,Galeano e Ribeiro.
Syngenta, Monsanto, Dupont, Bayer e Basf controlam também a totalidade do mercado mundial e de sementes transgênicas, um oligopólio sem precedentes na história da agricultura, diz Ribeiro(2011,p.164).
Essas corporações não têm outra ética que não seja o lucro e a reprodução do capital. Na crise mundial de 2007/2008, que abalou o mundo provocando escassez e elevação dos preços dos alimentos, a Syngenta teve lucros extraordinários, superiores aos de anos anteriores, "fazendo da fome um verdadeiro negócio"(Ribeiro,2011.164). Segundo o Banco Mundial,  aumento da produção de agrocombustíveis foi o principal fator para desencadear a crise alimentar de 2007/2008.Também segundo as transnacionais, as culturas de produtos não comestíveis vão competir com as culturas alimentares no uso do solo e o solo, a terra, é uma só.
A fome e a crise alimentar não são casadas pela carência de alimentos,mas pela falta de poder aquisitivo para adquirir os alimentos(arrojo,2012). De acordo com Diouf, diretor da FAO, é preciso investir 30 bilhões de dólares/ano para obter-se o nível da produção de alimentos, cifra "bastante modesta", diz ele, "se comparada às somas desembolsadas pelos países membros da OCDE em incentivos à agricultura (subsídios) (US$376 bilhões) ou as gastos com armamento (US$1,2 trilhão), em 2006"(diouf,2008).

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