Vamos mudar nossos corações e mentes ou vamos ceder ao "Deus" mercado?

 
Bira Sampaiopublicou emQuintais Agroflorestais Ebda
13 de maio
PARA REFLEXÃO

Desenvolvimento Sustentável ou Retirada Sustentável
Eis a questão. Vivemos em um mundo literalmente aterrorizado
pelo implacável deus mercado em permanente histeria com as crises que,
permanentemente, assolam o capital, exigindo de seus sumos sacerdotes,
os banqueiros, a imolação de nações inteiras simplesmente porque não
crescem a taxas que saciem seu voraz apetite por lucros cresc...entes.
Tenta-se a ferro e fogo salvar o crescimento econômico para atender
a demanda de geração de emprego para bilhões de seres humanos, que
superpovoam a terra e a colocam perigosamente à beira do colapso.
Crescemos em número a ponto de nossa presença estar, imperceptivelmente,
incapacitando nosso planeta, como uma doença. Como animais individuais
não somos tão especiais assim e, em certos aspectos, a espécie humana é
como uma doença planetária (LOVELOCK, 2006).
A situação atual da Terra está chegando ao limite de sua resiliência
e nem a fé nos deuses, nem a confiança em deixar as coisas como estão, nem
mesmo o compromisso com o desenvolvimento sustentável reconhecem
nossa verdadeira dependência. Se deixarmos de cuidar da Terra, ela sem
dúvida cuidará de si, fazendo com que não sejamos mais bem-vindos
(LOVELOCK, 2006).
Outros, como a promoção do desenvolvimento sustentável a
partir dos recursos naturais, revelam a visão antropocêntrica que inspirou o
legislador e abre precedentes para colocar em risco tudo aquilo que estabelece
nos demais objetivos. A mesma ótica define as categorias de unidades de
conservação em dois grupos, de proteção integral e de uso sustentável.
O pressuposto é sempre o mesmo. A crença de que a Natureza está a serviço
do homem e de que a Terra ainda suporta mais crescimento, desde que
sustentável, sem questionar a superpopulação humana, o esgotamento
dos recursos naturais, os danos causados pelas atividades humanas como a
poluição e contaminação do ambiente, além da aceleração do aquecimento
global. Ou seja, é tarde demais para reverter o processo com a manutenção
do mesmo modelo socioeconômico devorador de energia.
Ao constituir o grupo de unidades de uso sustentável, o SNUC
estabelece, no Art. 21, a categoria Reserva Particular do Patrimônio Natural
– RPPN, uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de
conservar a diversidade biológica. Na RPPN só serão permitidas a pesquisa
científica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais.
Dentro desse contexto, qual o significado de uma pequena área
destinada à conservação como a RPPN Reserva Natural Serra da Pacavira,
no município de Pacoti, estado do Ceará? Uma simples gota d’água no
oceano da devastação planetária da natureza? Que motivações levaram à
sua criação? Múltiplas são as respostas. A primeira e mais óbvia é que se
trata de uma opção decorrente de valores que sinalizam uma mudança de
atitude frente à natureza e o reconhecimento de que fazemos parte de uma
complexa teia de relacionamentos da qual depende a sustentabilidade do
planeta.
Entender essa teia de relações não é fácil, especialmente para
quem foi educado de acordo com os princípios da ciência ocidental que
reduz as coisas a modelos científicos, ignorando que nem todas as relações
e contextos podem ser colocados numa escala ou medidas com uma régua
(CAPRA, 2006). A herança da nossa formação cristã e humanista nos
impede de superar a visão antropocêntrica do mundo, que não enxerga
além das necessidades humanas. Uma visão que sequer tem a necessária
humildade para reconhecer a insignificância da espécie humana frente à
grandiosidade do planeta.
escombros da nossa Terra, outrora biodiversa. Diante desse dano causado em
consequência de um processo iniciado há cerca de até 100 mil anos, quando
os humanos deram o primeiro passo de sua expansão pelo globo, pouco resta
a fazer senão usar sabiamente a tecnologia para cuidar da saúde da Terra. Daí
ser tarde demais para o desenvolvimento sustentável; precisamos é de uma
retirada sustentável (LOVELOCK, 2006).
No Brasil, essa constatação é ainda mais verdadeira se levarmos em
consideração que existem 61 milhões de hectares de áreas degradadas e 70
milhões de hectares cultivados, dados que demonstram o falso dilema entre
conservar/preservar o ambiente e produzir alimentos. Mas que demonstram
também a verdadeira razão para os desmatamentos e a perda da biodiversidade,
que são os negócios que movem poderosos interesses econômicos especulativos
como grilagem, madeira, minérios e tráfico da vida silvestre.
Segundo dados da SBPC bastaria um aumento marginal de produtividade
da pecuária brasileira, que é notoriamente ineficiente e ocupa 2/3 das áreas
agrícolas disponíveis hoje, para disponibilizar 60 milhões de hectares para a
agricultura, o que mais do que dobraria a área agrícola atual (SBPC, 2011).
Mais uma razão para uma “retirada sustentável”. Diante da
avassaladora escalada da destruição da natureza em todo o planeta, faz-se
urgente a mudança de corações e mentes, que possibilitará nos colocarmos
como espécie humana, no seu pequeno e devido lugar, por sinal um ramo
pequeno e, em última instância, transitório, que desabrochou tardiamente na
frondosa árvore da vida, e não o ápice predestinado da escada do progresso
(GOULD, 2006).

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