Curiosidades Agroecológicas: Andú, espécie rústica, pouco exigente, e excelente forrageira. Ahhh... uma delícia! belíssima planta, confira.
O guandu (Cajanus cajan), também chamado andu, ervilha-de-pombo, anduzeiro, guandeiro, guando e feijão-guandu2 , é uma leguminosa arbustiva com folhas alternadas trifolioladas; folíolos largos e ovais (oblonco-elípticos), folíolo terminal peciolado, enquanto que os laterais são sésseis e flores amarelas. Tem origem na África Tropical ocidental e é cultivado na Índia desde aantiguidade.
Espécie: (Feijão) Guandu-forrageiro
2.1 Origem, importância e características botânicas
O guandu é uma planta encontrada com freqüência em todo o Brasil Central, podendo ser observada nos quintais domésticos dos bairros da maioria das cidades desta região. Esta popularidade deriva do fato de seus grãos verdes serem muito palatáveis, podendo substituir ervilhas, e seus grãos secos poderem ser empregados da mesma forma que o feijão para consumo humano, além de serem avidamente consumidos por aves domésticas.
Esta leguminosa foi introduzida no Brasil e Guianas pela rota dos escravos procedentes da África, tornando-se largamente distribuída e semi-naturalizada na região tropical, onde assumiu importância como fonte de alimento humano, forragem e também como cultura para adubação verde (Otero 1952; Döbereiner & Campelo 1977; Morton et al. 1982).
O guandu situa-se entre as mais importantes culturas de leguminosas, porque é capaz de produzir colheitas elevadas de sementes ricas em proteína, mesmo em solos de baixa fertilidade estando adaptada a altas temperaturas e a condições de seca (Skerman 1977; Morton et al. 1982).
Dependendo da variedade, o guandu pode ser uma planta anual ou perene de vida curta, apresentando caule lenhoso e uma raiz principal pivotante que pode penetrar um ou mais metros no solo. Numerosas raízes finas secundárias, até 30 cm da superfície, apresentam nódulos que contêm bactérias do gênero Rhizobium, que fixam simbioticamente nitrogênio atmosférico e que é cedido à planta para a formação de seus aminoácidos e proteínas.
As folhas apresentam-se trifolioladas, com folíolos lanceolados ou elípticos, com 4 a 10 cm de comprimento e 3 cm de largura.
As flores apresentam-se em rácemos terminais com 1,5 a 1,8 cm de comprimento, de cor amarela ou amarelo-alaranjado, podendo apresentar estandartes salpicados ou mesmo totalmente púrpura ou avermelhados.
As vagens são indeiscentes, de cor verde-marrom ou púrpuras, ou mesmo verde salpicadas de marrom, de forma oblonga, com 8 cm de comprimento e 1,4 cm de largura.
As sementes, entre duas e nove por vagem, são de formato aproximadamente redondo, com 4 a 8 mm de diâmetro, de cor verde ou púrpura quando imaturas e, quando maduras, apresentam cor que vai de branco, amarelo, castanho, a preto. Podem ainda apresentar cores claras salpicadas de marrom ou púrpura. As sementes são bastante duras quando secas e o número de sementes por kg varia de 1.150 a 3.630 unidades.
Como existe um grande número de variedades, as plantas de guandu apresentam grande variação de porte, hábito de crescimento, características de sementes e respostas a foto-período.
A maioria das variedades floresce quando os dias apresentam onze a doze horas de comprimento. Algumas são insensíveis ao comprimento do dia e florescem em qualquer época do ano.
Os genótipos foram agrupados grosseiramente em duas divisões principais:
A produção de grãos depende da variedade e do sistema de cultivo, variando de 500 a 1.500 kg/ha (Bogdan 1977; Skerman 1977; Khan & Rachie 1972), apresentando 18 a 32% de proteína de boa qualidade e, embora deficiente em metionina, cistina e triptofano, são um excelente alimento humano, considerado quase que indispensável na índia, Bahamas, Porto Rico, Trinidad, Tobago, Panamá e Guiana (Morton et al. 1982).
É consumido principalmente como grão seco que, após ser colocado de molho em água, e cozido da mesma maneira como se prepara o feijão, embora leve mais tempo para se tornar macio. As sementes ainda verdes são mais palatáveis e necessitam de pouca cocção, sendo de uso popular em Porto Rico.
Nas Bahamas, o guandu com arroz é um prato consumido diariamente pela maioria da população e, em Porto Rico, é enlatado comercialmente desde 1928 (Morton et al. 1982).
A forragem produzida pelo guandu apresenta 14 a 22% de PB, dependendo da quantidade de folhas, vagens e hastes existentes no momento da colheita.
Embora seja uma planta que desperta um grande interesse para a produção de grãos, neste trabalho será enfocado apenas o seu emprego na alimentação de bovinos. Devido aos seus múltiplos usos, no entanto, deve ser ressaltado que esta leguminosa extrapola o interesse forrageiro, devendo participar obrigatoriamente das fazendas do Brasil Central, ou como fornecedora de grãos para consumo humano, ou como planta forrageira para suplementar proteína para ruminantes, ou como fornecedora de grãos ou farinha para aves e suínos, ou ainda como cultura melhoradora do solo.
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2.2 Clima, solo e adubação
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2.2 Clima, solo e adubação
O guandu desenvolve-se bem numa faixa de temperatura entre 20 e 40ºC durante seu ciclo. Geadas leves não chegam a provocar desfolha, mas há perdas a -3,3°C e pode ser morta totalmente a -4,4°C.
É cultivada desde a região tropical até a sub-tropical, sob condições de precipitação que vão de 500 mm até 1.500 mm por ano (Bogdan 1977;Skerman 1977).
A planta prefere solos bem drenados e profundos, mas pode vegetar em solos argilosos pesados. É nos solos vermelhos (bem drenados), no entanto, que forma o maior número de nódulos, nos quais o Rhizobium se mantém ativo na fixação de N por mais tempo.
O guandu cresce em solos com pH de 5 a 8, mas apresenta o melhor desempenho em solos aproximadamente neutros. Embora sejam obtidas colheitas de forragem razoáveis em solos ácidos (2 a 4 t MS/ha), através da correção da acidez e adubação, esta produção pode ser elevada para até 14 t MS/ha ano (Skerman 1977).
O emprego de calcário dolomítico, além de corrigir a acidez do solo, irá introduzir nutrientes como cálcio (Ca) e magnésio (Mg) e fará com que se tornem disponíveis para as plantas nutrientes essenciais como fósforo (P) e molibdênio (Mo), os quais em solos ácidos estão imobilizados e, portanto, em formas não disponíveis para as plantas.
O P e um elemento crítico na nutrição da leguminosa, e as produções de grãos são crescentes com aplicações de O, 45 e 90 kg de P2O5/ha (Morton et al. 1982).
O enxofre (S) é essencial para a formação de proteínas e normalmente apresenta níveis insuficientes nos solos de cerrado (Casagrande & Souza 1982). A sua deficiência é, no entanto, corrigida, quando se emprega para adubação de fósforo o superfosfato simples, porque este adubo contém 12% de S em sua formulação.
Outros micronutrientes como zinco (Zn) e cobre (Cu) são deficientes em solos de cerrado e necessitam ser adicionados, porque são essenciais para as leguminosas.
O molibdênio é um micronutriente essencial para a nodulação, e em solos deficientes há desenvolvimento de inúmeros nódulos e que não são efetivos na fixação de N. Quando não há deficiência de Mo, o guandu apresenta poucos nódulos, que, no entanto, são grandes, chegando até 1 cm de diâmetro e que são efetivos na fixação de N (Rachie & Roberts 1974).
2.3 Inoculação e peletização
O guandu forma associação simbiótica com bactérias do gênero Rhizobium. Esta simbiose tem lugar nos nódulos que se localizam nas raízes, havendo uma relação de troca em que a planta fornece energia para a bactéria e recebe amônia produzida pelo Rhizobium a partir da fixação do N atmosférico. Esta amônia é translocada dos nódulos e se distribui por toda a planta, localizando-se em maior volume nas folhas, tecidos jovens e sementes, onde participa da formação de aminoácidos e proteínas.
Muitas leguminosas tropicais formam nódulos com bactérias nativas do solo; outras, no entanto, requerem a introdução do microorganismo através de inoculantes. Em muitos casos, embora as bactérias nativas infectem a leguminosa e formem nódulos, são pouco eficientes na fixação de N.
O guandu é infectado comumente por bactérias nativas que ocorrem na maioria dos solos, mas tem sido obtidos aumentos de produção de grãos, quando são empregados inoculantes formados por bactérias selecionadas por sua eficiência na fixação de N.
Tem sido constatada uma grande diferença entre as estirpes de Rhizobium quanto ao número de nódulos que são capazes de formar com a planta e em relação a sua capacidade de fixar o N atmosférico (Morton et al. 1982).
É portanto, recomendável a inoculação das sementes, porque os inoculantes são formados com estirpes de bactérias de eficiência comprovada. O inoculante comercial indicado para o guandu é do Grupo 1-(cowpea), sendo empregado na proporção de um pacote de 200 g para 50 kg de sementes.
Para inocular, basta umedecer a semente com água e então adicionar o inoculante, revolvendo para ocorrer a adesão à superfície da semente. Sementes inoculadas devem ser mantidas à sombra, e sua distribuição dever ser imediata, evitando-se guardar para o uso no dia seguinte.
Como a peletização das sementes inoculadas tem provado que aumenta a sobrevivência da bactéria, a nodulação e fixação de N (Morton et al. 1982) é uma prática que deve ser adotada, podendo-se proceder da seguinte forma:
c) Adicionar a mistura adesivo-inoculante sobre as sementes, revolvendo para uma boa distribuição sobre a superfície das mesmas.
d) Para peletizar, adiciona-se, sobre a semente umedecida pelo adesivo + inoculante, fosfato de rocha (Araxá ou Patos de Minas, ou mesmo hiperfosfato) na proporção de 125 g de fosfato para cada kg de sementes. O revolvimento das sementes junto com o pó do fosfato irá causar a sua aderência à superfície, revestindo a semente inoculada com uma capa de fosfato.
As sementes peletizadas deverão secar à sombra por uma ou duas horas, podendo ser semeadas até uma semana após a peletização, sem que ocorra a morte das bactérias adicionadas pelo inoculante (Seiffert & Miranda 1983).
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2.4 Época de plantio, espaçamento e quantidade de semente
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2.4 Época de plantio, espaçamento e quantidade de semente
O guandu deve ser semeado no período chuvoso entre novembro e dezembro.
O espaçamento a ser empregado e a quantidade de sementes dependerão do uso a que se destina o plantio.Para formação de legumineiras, emprega-se espaçamento de 2 a 3 m entre linhas, com seis sementes por metro linear. Neste espaçamento são empregados 4,5 kg sementes/ha.
No entanto, podem ser adotados plantios mais densos, em que se emprega 1,5 m entre linhas e seis sementes por metro linear, usando-se 8 a 10 kg de sementes/ha. Nos plantios densos, há dificuldade de circulação dos animais dentro da legumineira quando o pastejo for direto, prestando-se mais para esquemas em que se adota o corte e fornecimento da forragem desintegrada em cochos.
Embora o guandu seja capaz de desenvolver-se sem capinas, torna-se necessária uma capina entre 4 e 8 semanas após o plantio, devido ao seu desenvolvimento inicial lento. Com 60 dias a planta já estará cobrindo todo o terreno, não havendo necessidade de combate a ervas daninhas.
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2.5 Pragas e doenças
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2.5 Pragas e doenças
Os ataques de pragas são raros, sem relevância para a cultura; no entanto, em Campo Grande (MS), tem sido observada a presença de um Membracídeo - Aethalion reticulatus - que forma grupos nas hastes com mais de 1 cm de espessura, já quando a planta encontra-se desenvolvida.
São ainda encontrados insetos que causam perfurações nas sementes maduras, semelhantes ao gorgulho do feijão e que foram identificados comoAcanthoscelides octectus.
Podem ainda ser observadas mortes de plantas, causadas por ataque de cupins no sistema radicular.
A praga, no entanto, que causa maiores danos ao guandu é a formiga cortadeira, que muitas vezes causa destruição da plantação na sua fase inicial, sendo necessário um combate prévio na área a ser plantada com a leguminosa.
Uma doença que causa a morte de plantas adultas e que tem sido observada atacando os plantios é causada pelo Fusarium spp, que é um fungo comumente encontrado nos solos.
O ataque de nematóides não é comum, porque a maioria das variedades apresenta resistência (Morton et al. 1982).
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2.6 Produção de forragem, proteína e fixação de N
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2.6 Produção de forragem, proteína e fixação de N
A produção de MS pode atingir 14 t MS/ha ano, quando a planta é colhida no estágio de maturação das vagens (Skerman 1977). Isto, no entanto, depende da variedade empregada, da fertilidade do solo, do espaçamento empregado e do manejo imposto à cultura.
Na Austrália, por exemplo, têm sido conduzidos estudos de manejo, para obtenção combinada de produções de grãos e forragem com variedades tardias. As plantas são colhidas a 90 cm de altura para uso como forragem, a cada oito semanas, durante o verão e outono. Na primavera, a planta passa um período de doze semanas em repouso, sem cortes, quando forma vagens e oferece uma razoável colheita de grãos (Morton et al. 1982).
Este comportamento também foi obtido em nossas condições, em que um corte em junho, para obtenção de forragem, redundou em rebrote abundante, floração em julho-agosto, e produção e colheita de grãos em outubro-novembro.
Na região do Brasil Central, em Campo Grande MS, vem sendo efetuados trabalhos de pesquisa, para se caracterizar a produção de forragem e de proteína de diversas cultivares de guandu (Tabela 2).
Neste estudo, as plantas são deixadas em crescimento para acumularem forragem até a entrada do período seco (maio-junho), quando são colhidas para avaliação da quantidade de forragem e proteína acumuladas para uso na seca. Os resultados são apresentados em dois anos de produção das mesmas parcelas (1982 e 1983).
A produção total de MS foi separada em fração utilizável para forragem composta por folhas, mais vagens, mais hastes finas com menos que 1 cm de diâmetro, e fração lenhosa inútil para o gado.
utilizável para forragem e da planta inteira de acessões de Cajanus cajan
(Guandu), submetidas ao regime de um corte anual no início da estação seca.
ACESSÕES | COMPONENTES DA MS | MS EM kg/ha | PBEM kg/ha | ||||
06/82 | 06/83 | 06/82 | |||||
Guandu preto | folhas + vagens | 3.232 | 1.375 | 4.607 | 582 | 306 | 888 |
hastes menores 1cm |
1.293
|
1.938
|
3.231
|
73
|
116
|
189
| |
FRAÇÃO UTILIZÁVEL
|
4.525
|
3.313
|
7.838
|
655
|
422
|
1.077
| |
hastes maiores 1cm |
1.939
|
2.800
|
4.739
|
100
|
143
|
243
| |
TOTAL
|
6.464
|
6.113
|
12.577
|
755
|
565
|
1.320
| |
Guandu vermelho | folhas + vagens | 2.968 | 1.439 | 4.407 | 538 | 306 | 844 |
hastes menores 1cm |
1.484
|
2.927
|
4.411
|
84
|
174
|
258
| |
FRAÇÃO UTILIZÁVEL
|
4.452
|
4.366
|
8.818
|
622
|
480
|
1.107
| |
hastes maiores 1cm |
1.484
|
2.521
|
4.005
|
71
|
126
|
197
| |
TOTAL
|
5.936
|
6.887
|
12.823
|
693
|
606
|
1.299
| |
Guandu branco | folhas + vagens | 1.886 | 1.748 | 3.604 | 323 | 391 | 714 |
hastes menores 1cm |
1.107
|
2.142
|
3.249
|
66
|
126
|
192
| |
FRAÇÃO UTILIZÁVEL
|
2.963
|
3.890
|
6.853
|
389
|
517
|
906
| |
hastes maiores 1cm |
2.236
|
3.157
|
5.393
|
103
|
160
|
263
| |
TOTAL
|
5.199
|
7.047
|
12.246
|
492
|
677
|
1.169
| |
Guandu comercial | folhas + vagens | 2.187 | 1.994 | 4.181 | 423 | 444 | 867 |
hastes menores 1cm |
1.697
|
2.076
|
3.773
|
148
|
156
|
304
| |
FRAÇÃO UTILIZÁVEL
|
3.884
|
4.070
|
7.954
|
571
|
600
|
1.171
| |
hastes maiores 1cm |
1.213
|
5.036
|
6.249
|
66
|
273
|
339
| |
TOTAL
|
5.097
|
9.106
|
14.203
|
637
|
873
|
1.510
| |
No primeiro ano de colheita (1982), verificou-se que a variedade guandu preto produziu 4,5 t MS de fração útil para forragem, com um conteúdo de 655 kg de PB por hectare, tendo-se destacado das demais.
Já no segundo ano (1983), esta variedade mostrou uma redução na produção, enquanto que o guandu comercial produziu 4,0 t MS com 600 kg de PB/ha, tendo portanto, crescido do primeiro para o segundo ano.
Enquanto que o guandu preto é uma variedade precoce, com uma época de floração (abril) e produção de grãos (junho) bem definidas, o guandu comercial mostra-se tardio, florescendo em junho, julho e mesmo agosto. Esta variedade apresenta flores amarelas, vagens verdes e sementes brancas, quando maduras, e mantém uma maior quantidade de folhas verdes durante julho, agosto e setembro, o que é vantajoso, sob o ponto de vista do uso como forragem, para o período seco.
Este comportamento redundou, também no segundo ano, em uma maior quantidade de proteína na fração de folhas mais vagens no guandu comercial (444 kg PB/ha), quando comparado com o guandu preto (306 kg de PB/ha).
Nos dois anos de avaliação ficou evidenciado que a variedade de grãos brancos é mais tardia, apresenta maior conteúdo de folhas durante a época seca e não declina a produção de proteína, enquanto que o guandu preto é mais precoce, apresentando boa quantidade de vagens formadas em junho, início da época seca.
Desta forma, na implantação da leguminosa para uso durante os meses de junho a setembro, seria aconselhável plantar parte da legumineira com o guandu preto (precoce) e parte com o guandu comercial (tardio), a fim de se obter um melhor equilíbrio nutricional das dietas, pela oferta contínua de vagens para os animais.
A parte do guandu preto seria utilizada em primeiro lugar (junho e julho) e posteriormente seria liberada a área do guandu comercial (agosto e setembro). Esta orientação serviria tanto para corte como para pastejo.
Existe, no entanto, um grande número de variedades ainda não testadas, podendo-se prever que dentre estas existam acessões de melhor desempenho e que deverão ser identificadas pela pesquisa.
Na Tabela 3, são apresentados dados de produção de matéria seca, proteína bruta e percentual da composição botânica do guandu comercial, colhido no segundo ano (6/83).
Pode-se verificar que, embora tenha produzido nas condições do cerrado 9,1 t de MS/ha, esta produção está abaixo das produções citadas por outros autores (14 t MS/ha ano).
Acredita-se que, através de adubação adequada e emprego de inoculante selecionado, esta variedade possa ter a sua produção elevada. A produção obtida também se refere ao espaçamento empregado no experimento, que foi de 3 m entre linhas e uma cova com 3 sementes por metro linear.
Do total de MS produzida (9,1 t MS/ha), apenas 44,7% pode ser utilizada como forragem. A fração utilizável para forragem, constituída por folhas + vagens + hastes finas, atingiu 4,0 t MS/ha, sendo folhas e vagens 21,9% e hastes finas 22,8% deste total. Na fração útil acumulada para uso na estação seca, obteve-se 00 kg de PB/ha. Sem dúvida, as folhas e vagens foram as partes da planta mais ricas em proteína, chegando a 22,3% de PB. Nas hastes finas, obteve-se apenas 7,5% de PB.
No experimento foi verificado, ainda, que a fração lenhosa, colhida e descartada, sofre rápida decomposição dentro de 1 ano após a colheita evidenciando que a erradicação de legumineira de guandu, quando se desejar ocupar o terreno em rotação com outras culturas, não oferece dificuldades. Mesmo os caules de plantas mortas, com diâmetro de até 5 cm, já no segundo ano estão em decomposição, não oferecendo resistência a equipamentos como arado ou grade.
As avaliações efetuadas na quantidade de folhas mortas caídas ao solo durante o ano, indicaram uma deposição de 2,5 t MS/ha, com um conteúdo de 1,5% de N. Isto representou uma deposição anual de 37,5 kg de N, o que equivaleu a 187,5 kg de sulfato de amônio por hectare.
Estes dados demonstram que o guandu, além de produzir forragem, ainda contribui para a restauração da fertilidade do solo. Por esta razão pode ser indicado para uso em um sistema de rotação de culturas, onde a cada dois ou três anos desloca-se o plantio da legumineira para áreas em que se deseja melhorar a fertilidade do solo.
A quantidade de N acumulado (Tabela 3) na planta integral foi de 139,6 kg de N/ha. Se somarmos com a quantidade de N das folhas mortas depositadas sobre o solo, teremos 177,1 kg de N/ha (139,6 + 37,5), que e a quantidade estimada de N reciclado pelo guandu comercial, através da absorção de N do solo e do N produzido pela fixação simbiótica.
Como em áreas vizinhas, com idêntico solo, ocupadas com pastagens de Brachiaria decumbens pura, foi medida uma mobilização de 65,8 kg de N/ha para a biomassa, através do crescimento, nitrogênio este que foi suprido pelas reservas de N no solo, pode-se estimar que, pelo menos 100 kg de N/ha, dos 177 kg de N/ha reciclados pelo guandu, procedem da fixação biológica de N e o restante, provavelmente, deverá ter sido absorvido do solo.
Esta estimativa da fixação de N está de acordo com dados da literatura que situam a capacidade de fixação de N do guandu entre 90 a 150 kg de N/ha ano (Greenland 1977; Franco 1978).
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2.7 Legumineira de guandu, manejo e produção animal
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2.7 Legumineira de guandu, manejo e produção animal
2.7.1 Uso por pastejo direto
2.7.2 Uso para corte e distribuição em cocho
2.7.3 Uso em faixas .
2.7.1 Uso por pastejo direto
A legumineira de guandu pode ser implantada em uma fração da área de pastagem e estará dirigida para produzir suplemento protéico para determinado grupo de animais, através do pastejo direto. Pode, por exemplo, ser uma fração de 25% da área de pasto, destinada para a recria de bezerros desmamados, ou ser 50% da área de pastos de vacas em lactação, ou mesmo 1/3 da área de pasto destinada ao engorde de novilhos.
A proporção da área que deverá ser destinada à formação da leguminosa dentro dos pastos dependerá de diversos aspectos econômicos e administrativos da fazenda.
Segundo Lourenço et al. (1983), o uso de áreas de reserva de guandu, para utilização em pastejo durante a época crítica do ano, mostrou-se viável para melhorar o ganho de peso de animais enquanto havia folhas e hastes finas disponíveis. Isto ocorreu durante os primeiros dois meses do trabalho experimental (junho-julho).
proteína bruta da variedade guandu comercial, obtida no segundo
ano de colheita (6/83) da planta inteira e da fração utilizável para forragem.
COMPONENTES DA MS | MATÉRIA SECA | NITROGÊNIO | PROTEÍNA BRUTA | |||
kg / ha | % | kg / ha | % | kg / ha | % | |
folha + vagem | 1.994 | 21,9 | 3,56 | 40,98 | 23,25 | 444,0 |
hastes menores 1cm |
2.076
|
22,8
|
1,20
|
24,91
|
7,50
|
156,0
|
fração útil para forragem |
4.070
|
44,7
|
2,38
|
95,89
|
14,87
|
600,0
|
fração lenhosa |
5.036
|
55,3
|
0,87
|
43,81
|
5,43
|
273,0
|
planta inteira |
9.106
|
100,0
|
.....
|
139,6
|
.....
|
.....
|
Para que haja disponibilidade de material comestível durante um período maior (junho-setembro), há necessidade de se dispor de uma área adequada de guandu.
O cálculo desta área estará sempre dependendo do número de animais que devem receber o suplemento na seca, do número de dias que se deseja suplementar estes animais e da quantidade de forragem e teor de PB dos pastos em que os animais estão localizados na maior parte do dia. Dependerá, também, do tipo de animal e das exigências para manutenção do peso vivo ou produção.
Para um exemplo prático, consideramos uma fazenda que tem anualmente 100 bezerros para serem recriados após a desmama, durante a estação seca. Para fins de cálculo da área necessária de braquiária e guandu, vamos considerar duas situações:
1 - O objetivo seria manter o peso dos bezerros desmados:
Consideramos um peso médio de 200 kg para o período de quatro meses (junho-setembro).
O consumo, nestas condições, será de aproximadamente 4,5 kg de matéria seca por dia.
Um animal deste porte vai precisar de 300 g diárias de proteína para mantença do peso vivo e, portanto, a dieta deverá apresentar um teor de proteína bruta de 6,7%.
Através de uma equação simples, saberemos o quanto de guandu este animal deverá consumir para satisfazer a exigência de mantença:
(4,5)(0,067)
| = | (X) (0,149) | ||
sendo que:
4,5 x 0,067 = 0.300 kgb = a fração de proteína a ser ingerida através da braquiária
(teor de PB = 5%)
c = a fração de proteína a ser ingerida através do guandu
(teor de PB = 14,9%)
X = quantidade calculada de guandu a ser consumida de acordo com a equação acima:
0,300 = 0,225 - 0,05 X + 0,149 X
0,075 = 0,099 X
X = 0,760 kg de guandu.
Portanto, estes bezerros desmamados deveriam consumir por dia 0,760 kg de guandu e (4,5 - 0,760 =) 3,74 kg de braquiária, para atender a mantença do peso vivo durante o período da seca.
Considerando a relação consumido/fornecido = 70%, a quantidade de forragem disponível para o consumo será:
Guandu = 0,76 / 0,70 =1,1 kg
e considerando a produção media diária de braquiária e de guandu durante os 120 dias de suplementação (junho-setembro) em 29,2 e 37,5 kg de matéria seca por ha, respectivamente temos que, para atender 100 bezerros desmamados, seriam necessárias as seguintes áreas de braquiária e guandu:
FORRAGEIRA | (a) PRODUÇÃO DE MS (kg/ha/dia) | (b) CONSUMO DE MS (kg/dia) | (b/a) ÁREA (ha) |
Braquiária | 29,2 | 530 | 18,2 |
Guandu |
portanto, para fins de mantença de peso de bezerros desmamados, durante os meses de junho a setembro (120 dias), seriam necessários 18,2 ha de braquiária e 2,9 ha de guandu, perfazendo um total de 21,1 ha. A área de guandu, no caso, representaria 7,3% da área total de pastagem.
Se fosse usada apenas a braquiária para a mantença de peso destes mesmos 100 bezerros, durante o mesmo período (junho a setembro), seriam precisos 29,4 ha de braquiária.
Esta diferença de 8,3 ha a mais de pastagem de braquiária demonstra o valor do guandu, como meio de reduzir os custos da recria de bezerros desmamados, pelo aumento da oferta de proteína por unidade de área, durante o período da seca.
2 - O objetivo seria manter, nos bezerros desmamados, um ganho de peso de 0,400 kg/cab dia.
O peso médio a ser considerado para o período de 4 meses (junho a setembro) seria de 200 kg, e o consumo mínimo, nestas condições, passaria para 5,0 kg de matéria seca por dia.
A exigência de proteína bruta total, neste caso, passaria para 0,456 g/cab. dia; portanto, a dieta deverá apresentar um teor 9,1% de proteína bruta.
Usando a mesma equação do exemplo citado para mantença de peso, calcula se quanto o animal deverá consumir, a fim de satisfazer suas exigências para um ganho de 0,400 kg/cab. dia:
(5,0)(0,091)
| = | (X) (0,149) | ||
sendo que:
b = a fração de proteína a ser ingerida através da braquiária
(teor de PB 5%)
c= a fração de proteína a ser ingerida através do guandu
(teor de PB = 14,9%)
X = quantidade calculada de guandu a ser consumida de acordo com a equação acima:
0,456 = 0,250 - 0,05 X 0,149 X
0,206 = 0,099 X
X = 2,1 kg de guandu
portanto, os bezerros desmamados deveriam consumir em média 2,1 de guandu (representando aproximadamente 40% do consumo total) e (5,0 - 2,1 =) 2,9 kg de braquiária, para atender um ganho de peso de 0,400 kg/cab. dia, durante o período da seca.
Considerando a mesma relação consumido/fornecido = 70%, a quantidade de forragem disponível para o consumo será:
Guandu = 2,1 / 0,70 = 3,0 kg
considerando também a produção média diária de braquiária e guandu, durante os 120 dias de suplementação (junho a setembro), em 29,2 e 37,5 de matéria seca por ha, respectivamente, temos que, para atender 100 bezerros desmamados, seriam necessárias as seguintes áreas de braquiárias e guandu:
FORRAGEIRA | (a) PRODUÇÃO DE MS (kg/ha/dia) | (b) CONSUMO DE MS (kg/dia) | (b/a) ÁREA (ha) |
Braquiária | 29,2 | 410 | 14,0 |
Guandu |
portanto para conseguir-se um ganho de peso de 0,400 kg/cab. dia por bezerros desmamados, durante os meses de junho a setembro (120 dias), seriam necessários 14,0 ha de braquiária e 8,0 ha de guandu, perfazendo um total de 22 ha.
A área de guandu, neste caso, representaria 36% da área total de pastagem. Anteriormente mostrou-se que, para a mantença do peso do mesmo número de bezerros, numa área total bastante similar (21,1 ha), foram precisos apenas 7,3% desta área com o guandu.
Seguindo o mesmo raciocínio do exemplo anterior, seriam necessários 44,5 ha de uma pastagem apenas com braquiária, para conseguir-se com este mesmo lote de 100 bezerros desmamados, um ganho de peso de 0,456 g/cab. dia.
A diferença, neste caso, em comparação com uma pastagem de braquiária na qual 36% da área seriam plantadas com o guandu, seria de 22,5 ha, diferença esta, bastante superior a obtida com o primeiro exemplo dado, que foi de 8,3 ha. Isto ilustra bem o problema nutricional e a produção desejada.
Quanto maior for esta produção, maior deverá ser a demanda por proteína e, considerando o baixo valor desta nas gramíneas durante a época da seca, a mantença de ganhos de peso razoáveis, sem aumentar a área de pastagem, só será possível com algum tipo de suplementação. A legumineira de guandu pode ser esta suplementação.
No entanto, para que os animais consumam a quantidade de suplemento necessária, sem desperdício, torna-se necessário controlar o tempo de pastejo dentro da legumineira.
É evidente que, se os animais consumirem à vontade a forragem da legumineira, poderão ingerir forragem acima das necessidades de suplementação e levar a legumineira ao desgaste nos primeiros meses, podendo faltar forragem para cobrir as necessidades nos meses finais da estação seca.
Por razões econômicas, procura-se sempre plantar a área mínima necessária de legumineira, uma vez que isto representa um investimento adicional em termos de cercas, aração, adubação etc.
Existem duas maneiras de se controlar o consumo de forragem na legumineira. A primeira forma é através do controle da lotação dos animais na área em que se encontra a pastagem, representada pelo conjunto pasto+legumineira.
No caso da recria de bezerros, por exemplo, uma lotação de três bezerros desmamados por hectare (150-180 kg peso vivo), permitirá que a forragem da legumineira cubra todo o período seco (julho a outubro), um manejo em que a área da legumineira é aberta para pastejo direto, com acesso livre e aos animais, estes deslocam-se entre a pastagem de gramínea e a legumineira, pastejando, ora uma, ora outra, segundo suas necessidades.
Em Campo Grande (MS), um sistema de pasto, usando 1/3 de legumineira de guandu dentro de pastagem de Brachiaria decumbens para recria de bezerros desmamados, em lotação de três bezerros por hectare, com acesso livre de julho a início de outubro, levou a um ganho de 18,0 kg de peso vivo a mais por animal, quando comparado com uma área idêntica de Brachiaria decumbens sem a inclusão da legumineira (Tabela 4).
Brachiaria decumbens pura e com a inclusão de 1/3 de legumineira
de guandu, durante o período seco (julho a outubro - 1982)1
PASTAGEM | PESO INICIAL (kg) | PESO FINAL (kg) | GANHO DE PESO VIVO (kg) | |
P / CABEÇA | P / HECTARE | |||
Brachiaria decumbens pura, 5 ha | 1802 | 210 | 30 | 50 |
B. decumbens + guandu 3,5 ha + 1,5 ha | ||||
DIFERENÇA
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1Período de suplementação de 114 dias na estação seca.
2Média de 15 bezerros por tratamento.
2Média de 15 bezerros por tratamento.
Outra maneira de regular o consumo da forragem é controlar o acesso dos animais à área da legumineira. Um sistema que pode ser usado, por exemplo, é deixar os animais pastarem na legumineira somente durante o período da manhã. Outro, ainda, seria o pastejo em dias alternados.
Com vacas leiteiras, por exemplo, estas, antes de retornarem para a ordenha, passariam duas a três horas dentro da legumineira. O tempo de pastejo, evidentemente, dependerá do tipo de animal e do efeito de suplementação desejado, e será estabelecido pelo interesse do produtor.
No sistema de acesso controlado, há uma despesa adicional de mão-de-obra, em termos de manejo dos animais, que, no entanto, é de pequena monta, quando se consideram os benefícios que oferece.
Existem inúmeros dados na literatura que ressaltam bons resultados quando o guandu é utilizado na alimentação dos bovinos. Na Austrália, por exemplo, vacas em lactação, suplementadas com guandu na fase de vagem madura, produziram tanto leite quanto vacas suplementadas com alfafa; também bovinos de corte, em pastagens plantadas com guandu, em lotações de 2 a 3,76 UA/ha, obtiveram ganhos entre 200 e 500 kg de peso vivo por ha/ano (Krause 1932; Morton et al. 1982).
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2.7.2 Uso para corte e distribuição em cocho.
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2.7.2 Uso para corte e distribuição em cocho.
A legumineira de guandu pode também ser utilizada para a produção de forragem através de cortes, desintegração e fornecimento em cochos.
As qualidades do guandu, para este propósito, foram mostradas já em 1946 por Kok et al. Segundo estes autores, o seu destaque como planta forrageira devia-se ao seu elevado teor de proteína, boa aceitação pelos animais e facilidade de cultivo. Um ensaio de digestibilidade "in vivo", usando carneiros, feito por estes autores com feno de guandu antes da floração, mostrou um valor de 61,6% para a matéria seca e de 71,4% para a proteína bruta.
Entretanto, o corte feito antes da floração (plantas com ± 1 m de altura) provocou uma rebrota irregular. Por isto, Kok et al. (1946) recomendam que a utilização do guandu, como forrageira, deveria ser através de podas realizadas após a formação das vagens. A forragem poderia ser fornecida verde ou então fenada e posteriormente desintegrada.
No CNPGC, foram realizados trabalhos relacionados à engorda de novilhos em confinamento, baseados em subprodutos de microdestilarias de álcool e suplementados com guandu, uréia e torta de algodão (Thiago, prelo).O volumoso básico consistia de ponta de cana + bagaço de cana e de guandu.
O uso do guandu, nestas condições mostrou ganhos de peso similares aos obtidos com torta de algodão (0,429 e 0,453 g/cab. dia, respectivamente) e superiores aos com uréia, que apresentou ganhos de peso de 0,238 g/cab. dia.
O guandu foi plantado em dezembro de 1980, em linhas contínuas, espaçadas de 1,80 m. Foram aplicadas na área 2 t de calcário/ha e 150 kg de superfosfato simples.
O corte foi iniciado em maio de 1981, após a formação das vagens, a uma altura de 80 em do solo. Hastes com diâmetro maior do que 1 cm foram eliminadas, e o restante foi passado num desintegrador e fornecido diretamente nos cochos.
Observou-se que, após um período de dois a três dias, os animais tornaram-se ávidos pelo guandu, consumindo a ração fornecida em pouco tempo.
A produção de matéria seca foi de 4,7 t/ha, num corte realizado durante os meses de maio e junho, e o teor de proteína bruta foi de 14,0%.
Em um outro experimento de engorda de bovinos confinados, em que o volumoso básico passou a ser a ponta de cana, a suplementação com o guandu, na base de 3,0 kg de MS/cab. dia e 2 kg de milho desintegrado, permitiu ganhos de peso da ordem de 0,622 g/cab. dia.
Estes dados preliminares mostram-nos o potencial do guandu para participar de rações de engorda de bovinos confinados.
Um trabalho realizado por Cunha et al. (1976) vem ressaltar este ponto, quando o feno de guandu utilizado como único componente volumoso de uma ração para a engorda de novilhos (40% volumoso e 60% concentrado) permitiu ganhos de peso diários de 1,764 kg/cab. Estes ganhos de peso foram, estatisticamente, superiores aos obtidos com outro lote de animais em que o feno de guandu foi substituído pelo feno de colonião. Este último lote apresentou uma média de ganho de peso de 1,555 kg/cab.dia.
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2.7.3 Uso em faixas
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2.7.3 Uso em faixas
Um sistema de emprego do guandu que apresenta um grande interesse é a introdução desta leguminosa, em faixas, nas pastagens de gramíneas já existentes.Desta maneira, além de produzir forragens extra para o gado a ser introduzido nestes pastos, na seca, estará sendo feita a recuperação do solo.
Nesta forma de uso, são adubadas, aradas e semeadas faixas dentro da pastagem, usando-se, por exemplo, o critério de uma faixa de 2 m de largura com plantio de 2 linhas centrais de guandu, espaçadas de 1 metro, com seis sementes por metro linear.
Estas faixas estarão alternadas por um espaço de 4 a 5 m de largura, ocupado com o pasto já estabelecido.O plantio das faixas deverá, preferentemente, ser efetuado em pastagens decadentes, devendo ser feito de novembro a dezembro.
Os pastos em que foram introduzidas as faixas de guandu permanecerão vedados durante o verão e outono, para que se obtenha um bom desenvolvimento da leguminosa.No início da estação seca, a área será liberada para pastejo, com uma lotação que será a mesma normalmente usada para aquela.pastagem.
Em pastos plantados com faixas de guandu de 15 m de largura, alternados por faixas de pastagem de 4 m, segundo Schaffausen (1982), obtiveram-se ganhos de peso vivo de 0,370 kg/cabeça por dia, durante 93 dias, na época seca, usando-se touros Nelore.
O mesmo autor relata que entre 6 de abril e 10 de outubro, 15 garrotes Nelore, em pastos com faixas de guandu, em rodízio com pangola e colonião, ganharam 69 kg. Num experimento feito em 1974, 30 garrotes Nelore e 10 da raça Lavínia, na lotação de 1,8 cabeças/ha, foram mantidos em pastos com faixas de guandu entre julho e outubro. Mesmo sem chuvas, em 98 dias, os animais ganharam 0,586 kg de peso vivo por dia.
Culinária- Fiquem com uma receita de Andú com ovos......unhhh
Guandu ou andú (moquequinha com ovos)
- Aproximadamente 1/2 kg de feijão tipo Guandu ou Andú
- 2 litros de água fervente
- 1 maço de cebolinha picadinha
- 1 maço de coentro picadinho
- 1 tomate (grande) sem sementes picadinho
- 3 dentes de alho amassados
- 1 cebola picadinha
- Sal e pimenta a gosto
- 3 colheres de azeite
- Aproximadamente 1 colher (café) de colorau
- 4 ovos
MODO DE PREPARO
- Lave bem o Gandu e coloque-o em água fervente, sem tampar a panela e deixe até que fique al dente
- Quando estiver al dente , passe-o num escorredor para que escorra toda água
- Reserve
- Em uma panela de preferência de barro, coloque 2 colheres de azeite, frite o alho e cebola e coloque os tomates picadinhos e deixe ferver até quase desmanchar
- Coloque colorau, cebolinha, metade do coentro e o Guandu e mexa delicadamente, para que todos os ingredientes fique bem misturados
- Coloque sal e pimenta a gosto
- Faça pequenas "covas" e coloque os ovos
- Tampe a panela e deixe em fogo baixo até que os ovos fiquem cozidos
- Finalmente, na hora de servir, coloque o restante do coentro por cima e regue com 1 colher de azeite
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