Pubá - o destilado de mandioca da Bahia, nome sugerido por Nereu, fica nossa homenagem ao colega


EBDA apresenta etanol e aguardente feitos com mandioca.                    


    Assessoria
    cachaça
    Um projeto experimental e inovador que utiliza raiz de mandioca para a produção de etanol (álcool) e aguardente será apresentado pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), vinculada à Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri), durante a 25º edição da Feira Nacional de Agropecuária (Fenagro), no Parque de Exposições de Salvador. Como pioneira no Estado da Bahia, na fabricação desses co-produtos da mandioca, a EBDA traz aos visitantes do evento a possibilidade de acompanhar o processo de fabricação do etanol e da aguardente de mandioca, já que uma destilaria será montada pela Empresa para a exposição. Esse projeto, desenvolvido por uma equipe técnica da EBDA, formada por cinco engenheiros agrônomos, tem o intuito de agregar ainda mais valor à mandioca, raiz com múltiplos usos na culinária brasileira, na alimentação animal e na agroindústria. Outra finalidade do projeto é incentivar o agricultor familiar a fabricar esses dois co-produtos utilizando a manipueira, resíduo oriundo da prensagem da mandioca que é altamente poluente se descartado de forma incorreta no meio-ambiente.
    De acordo com o engenheiro agrônomo da EBDA, Nereu do Monte, um dos idealizadores do projeto, a intenção da empresa é instalar a primeira destilaria no município de Crisópolis, um dos maiores produtores de mandioca da Bahia. A produção local é de sete mil hectares de mandioca plantados, e a produtividade chega a atingir 16 toneladas de raízes/hectare, superando a média estadual, que é de 11,73 toneladas/hectare. “O município processa 100 mil toneladas de raízes por ano para transformar em farinha, sendo que nesse processamento são gerados 40 milhões de litros de manipueira (água da mandioca). Com essa quantidade de manipueira, é possível produzir uma média de 12 milhões de litros de etanol”, informou o agrônomo.
    Nereu do Monte disse ainda que o projeto já foi apresentado pela EBDA à prefeitura de Crisópolis e ao Banco do Brasil, os quais receberam a ideia com bastante entusiasmo. “A intenção é incentivar os agricultores familiares a fabricar o etanol para a química fina (indústria alimentícia, farmacêutica e cosmética), uma vez que o álcool da mandioca tem uma qualidade superior ao da cana”, garante o técnico. Já a ideia da aguardente de mandioca, batizada pela equipe técnica de Pubá, vem do estado do Maranhão. No ano de 2010, os engenheiros agrônomos da EBDA, envolvidos no projeto, visitaram o município de Barreirinhas, a 250 km de São Luiz, para conhecer a aguardente de nome Tiquira, também produzida com mandioca.
    Segundo o chefe do Escritório Local da EBDA de Abaíra, Nelson Luz, que tem uma grande experiência na produção de aguardente de cana-de-açúcar, no Maranhão a fabricação da Tiquira é feita artesanalmente. “Aqui, nós pretendemos produzi-la de forma industrial e tecnificada, utilizando equipamentos e insumos mais modernos”, disse. Nelson. Além de Nelson e Nereu, mais três engenheiros agrônomos da EBDA visitaram o Maranhão para conhecer a aguardente: Paulo Beline, que atua na gerência regional de Itabuna; Marco Túlio, de Caetité, e Albérico Paixão, que trabalha na sede da Empresa, em Salvador.
    No Maranhão é chamada de Tiquira.


    Tiquira - Destilado de Mandioca









    Tiquira
    Tiquira é um destilado feito à partir da mandioca e produzida artesanalmente no estado do Maranhão e em menor escala no Piauí e na Bahia. De graduação alcoólica altíssima, de 36 a 54 ºGL, é a prima pobre da cachaça, historicamente discriminada por ter sido consumida pelos escravos e classes mais pobres do Maranhão. Enquanto a cachaça, produzida da cana-de-açúcar( de origem estrangeira ), aparece fartamente em vários documentos históricos do Maranhão desde a primeira década de 1800, a Tiquira ( feita à partir da raiz tipicamente brasileira ) começa à aparecer em alguns registros , timidamente, só em 1885. No entanto, nos últimos anos ela vem sendo divulgada e promovida por órgãos governamentais do Maranhão como um símbolo regional.

    Na língua TupiTiquira quer dizer "líquido que goteja, que pinga (do alambique)". Entretanto , apesar da origem do nome, é falso afirmar que essa aguardente é uma herança indígena pois a tecnologia da destilação só chegou ao Brasil com a colonização. Muito mal documentada, é impossível precisar a sua origem, mas provavelmente a Tiquira foi fruto da junção do Cauim* com essa nova tecnologia. E muitos dizem que foram os escravos os primeiros a produzi-la.

    Tiquira é incolor mas pode ter a coloração lilás quando juntam-se folhas de tangerina durante a etapa da destilação, o que é o mais comum.

    O levantamento mais recente do IBGE (1996) indica uma produção em torno de 580 t/ ano dessa aguardente, equivalente a 640 mil litros e a uma movimentação financeira anual, aproximadamente, de R$ 500.000,00 em todo o estado do Maranhão. Portanto, em média, cada litro da Tiquira rendia ao produtor apenas R$ 0,78; muito pouco para um produto cujo o processo de fabricação é longo e complexo, totalmente artesanal e de pequena produção. Essa realidade começou a mudar no ano de 2005 com a ajuda do SEBRAE que organizou 15 pequenos produtores que, juntos, qualificaram o produto e atualmente comercializam a aguardente com a marca Tiquira em embalagens de 750, 275 e 50 ml. e com graduação alcoólica de 45 º GL.



    “A sua tentação não era .... a cerveja, nem o conhaque ....: era a aguardente nacional, o paratiindígena, a cachaça cabocla, a tiquira maranhense” (Humberto de Campos, Memórias Inacabadas, pp. 46-47).



    *Cauim=Espécie de bebida preparada com a mandioca cozida e fermentada. [Preparavam-na primitivamente os indígenas com caju ou com outras frutas, ou, ainda, com milho e mandioca mastigados.]

                                                                                                                                Fontes: Jornal da Chapada e  Tiquira

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